domingo, 29 de janeiro de 2012

28ª Parte - O Diário de Jane.

Jane desceu rapidamente as escadas dando de encontro com Jhonny, que estranhou sua expressão. O senhor então perguntou:

- Aconteceu alguma coisa Jane? – A mesma não respondeu. Apenas seguiu em frente. Passou por Nick e Mike que brincavam e abriu a porta com força, o nevoeiro entrou rapidamente e o frio a envolveu. A jovem desceu as escadas finalmente entrando no gramado. Benjamin vinha caminhando devagar e ao ver Jane, sorriu. A moça permaneceu séria e tirou do bolso o colar. Ele chegou bem perto dela fitando curioso a jóia e disse sem entender:

- Onde achou isso?

- Encima do piano.

- E?

- E o que você quer fazer comigo? – Ela franziu a testa olhando bem nos olhos dele. Seu olhar estava preocupado, e ela se sentia como se estivesse totalmente perdida O jovem sorriu de canto, mas na verdade não entendeu o que ela quis dizer. Ele levantou uma das sobrancelhas e disse:

- Isso. – Por já estar bem perto dela, envolveu subitamente um dos braços por sua cintura, puxou-a de leve e a beijou. Jane não sabia o que fazer. Era o momento mais esperado, porém havia se tornado ao mesmo tempo, o mais tenso. Pensou em se afastar, mais já estava muito envolvida. Estava perdida. Não sabia se era ruim ou bom, mas estava com com ele. Por alguns instantes se sentiu a vítima, porém estar nos braços do predador parecia tão bom. Os lábios dele eram suaves e se moviam lentamente. Ela apertou o colar que estava em sua mão esquerda. Levou devagar a outra mão segurando de leve a nuca do moço, correspondendo o beijo. Estava totalmente entregue e o calor de seus lábios juntos, parecia queimar. O frio estava realmente muito forte. Jhonny que vinha andando devagar olhou entre a neblina densa que envolvia os dois e percebeu o que estava acontecendo. Mike e Nick que vinham logo a atrás foram impedidos pelo senhor e levados de novo para dentro.

Um vento forte passou por eles, levando um pouco da nevoa que lá estava. Os rostos dos dois estavam bem perto ainda. Benjamin olhava nos olhos dela. Eles estavam bem claros pela claridade da neblina branca. Finalmente Ben pode ver como eram lindos. Nenhum dos dois podiam negar mais nada depois daquele acontecimento. Jane ficou extremamente envergonhada e até esqueceu o que queria falar com o moço. Mas ele, sorria sereno e acariciou o rosto dela:

- Não fique assim... fui eu quem comecei. – A garota desviou o olhar e se afastou um pouco. Benjamin percebeu que havia algo mais do que só vergonha. Apesar de estar muito feliz de saber dos sentimentos do moço, Jane não podia tirar aquela sensação estranha de que havia alguma coisa errada por ali. Tentando esboçar alguma reação, a mesma disse enquanto passava uma das mãos no cabelo:

- Eu... não ache que eu estou brava... – O olhou esboçando um pequeno sorriso – Aliás, eu também correspondi, é só que... – E abriu a mão olhando de novo o colar que havia encontrado sobre o piano:

- É só que...? – Ele a olhava sem entender o que estava acontecendo. Jane se sentiu estúpida por não saber explicar o que estava acontecendo Ela devia ter se entregado aquele ótimo momento, mas a única coisa que vinha em sua mente era a imagem do homem hospitalizado, da tatuagem e da mão no parapeito da janela. Jane respirou fundo e finalmente teve coragem para contar. Depois de tudo, ele com certeza iria ajudá-la:

- Benjamin... eu preciso de ajuda.

27ª Parte - O Diário de Jane.

O nevoeiro estava forte lá fora. Jane andava pelo salão, procurando por Benjamin. Subiu as escadas que levavam aos quartos entrando no seu. A penumbra do dia escuro parecia deixar o quarto mais frio e tenebroso. A moça estava um pouco amedrontada, mas tinha que tentar disfarçar isso. Não queria que Chyoko nem ninguém se preocupasse com ela. Levantou os olhos acidentalmente para janela, percebendo ao longe Benjamin. Ele segurava um pouco de feno, tratando de Angel. Jane sorriu apreciando o belo moço, que parecia nem perceber os olhares dela. A garota resolveu então conhecer mais o casarão. Não ia olhar todos os quartos, mas tinha um lugar em particular que queria muito ir: O salão de música. Jane então saiu do seu quarto percorrendo todo corredor, finalmente chegando a lugar desejado. As luzes estavam todas apagadas mais uma pequena luz que entrava pelas grandes janelas, iluminavam o suficiente. Da primeira vez que entrou lá não pode apreciar bem a obra de arte que o piano era. Trabalhado em madeira e envernizado em preto, tinha os pés todos torneados e desenhados e uma calda comprida. Passou uma das mãos pelos teclados de leve, analisando toda parte de cima do instrumento. De repente se deparou com uma coisa. Havia uma corrente de prata encima da calda. A moça deu alguns passos se aproximando e reparando que tinha um pequeno pingente. Chegando mais perto, percebeu que o pingente se tratava de um nó celta, do mesmo jeito que tinha visto no paciente quando foi ao hospital. Jane arregalou os olhos e em um impulso pegou o colar olhando mais de perto. Como assim? Seus pensamentos pareciam não se encaixar e ela estava realmente ficando atormentada. Era como se tudo apontasse que havia algo errado com Benjamin. Só ela não queria ver. Ou não, podia ser uma mera coincidência. A garota guardou no bolso da blusa o que havia encontrado se aproximando da janela. Respirando fundo, ela abaixou o olhar. Pela primeira vez sentiu muitas saudades de seus pais. Antes de chegar ali, nada disso ocorrera com ela. Algo estava muito errado e ela precisava descobrir como acabar com isso. Próximo da janela, ela se lembrou da visão que teve ao tocar aquele enfermo. Abriu a janela. O ventou frio tocou sua pele e balançou de leve a sua franja e alguns fios que não estavam presos na trança. O nevoeiro invadiu o cômodo. Ela olhou o chão lá embaixo, recordando perfeitamente a visão. Lembrou-se do quão real ela fora. Fitou atentamente a janela e olhando o parapeito. Teve certeza. Marcas de unhas desciam do parapeito pela parede, como se alguém tivesse sido puxado com brutalidade. Aquilo realmente tinha acontecido e ficar se perguntando o porque e como não ajudariam em nada. Ela precisa encontrar respostas.

26ª Parte - O Diário de Jane.

– E riu animado assoviando. Depois de alguns segundos um cavalo forte e preto veio andando mansamente até chegar perto do moço:

- Esse é meu amigo. – Passou a mão na crina dele, olhando Jane:

- Ah, que graça! – E ficou admirada com o animal – Você já havia me falado dele, mas não podia imaginar que fosse um cavalo tão lindo! – Estava um pouco afastada dele e então o cavalo se aproximou devagar bufando baixo:

- Pode passar a mão, ele é muito manso... – Disse Benjamin ainda a alisando a crina do animal. Jane passou as pontas dos dedos na parte de cima focinho dele, olhando com tanta admiração que nem percebeu que falava baixinho:

- Que bonito você é Angel... fofo... – Ben a olhava intensamente e tinha um sorriso singelo nos lábios. Arqueou levemente a sobrancelha fitando intensamente os lábios dela. Ela ainda falava algumas coisas para o animal, num tom baixo. O cavalo continuava parado, sem nenhum sinal de agressividade. Jane percebia o jeito que Benjamin a olhava. Mas ele a deixava cada vez mais tímida. Para quebrar o silêncio repentino Jane sorriu e se afastando do cavalo, disse:

- Há quanto tempo tem ele? – O moço passou a mão nos cabelos e respondeu sorridente:

- Bem, eu o ganhei há pouco tempo quando me mudei pra cá. Era de um tio. É porque desde pequeno eu o pedia um cavalo... e incrivelmente ele me deu um. Veja só. – Jane que prestava atenção no que o amigo falava, até que foi subitamente interrompida por grito que vinha do casarão. Benjamin olhou rapidamente para lá, franzindo a testa e andando apressadamente rumo ao acontecido:

- Mas o que é isso? – Disse assustado e ao mesmo tempo curioso:

- Acho que foi... Chyoko! – Exclamou Jane, que andou na mesma velocidade do moço. Os dois por fim correram um pouco, Ben sempre mais rápido. Foi então que adentraram o casarão e se deparando com cacos de espelho chão. Confusos os dois finalmente repararam que Chyoko olhava assustada para o espelho que já não tinha mais reflexo:

- O que houve aqui?! – Indagou Ben. A senhora passou os dedos de uma das mãos na franja, a tirando dos olhos, tremula e suspirando. Impaciente, o moço voltou a questioná-la:

- Chyoko... o que aconteceu? – Jane se sentiu estranha. Era como se ela estivesse se vendo. Porque era com ela que essas coisas estranhas aconteciam e vendo o estado da anciã, ela finalmente percebeu que talvez tudo o que havia acontecido, podia ser real. Ao voltar de seus pensamentos, prestou atenção no que Chyoko dizia:

- Eu... pensei ter visto alguma coisa... uma aranha! Me assustei e quebrei o espelho acidentalmente. – Ela esboçou um sorriso forçado encarando a garota. Benjamin balançou a cabeça negativamente sorrindo e olhando-a como se procurasse alguma coisa:

- Nossa... mas você não se machucou? – Antes que o jovem terminarsse sua frase, Jhonny e Mike chegaram apressados e assustados. Jane deu um passo para trás abrindo caminho para Mike que praticamente gritava:

- Tia Chyoko! O que aconteceu!? Meu Deus, o que houve?! Você esta bem?! – Jhonny corrigiu a criança:

- Se fala senhora e não você, Mike! Chyoko, o que esta acontecendo aqui?! – A senhora explicou para eles o que houve, como fez para Jane e Benjamin. Finalmente tudo havia se acalmado e a senhora se encontrava sentada em uma cadeira perto da mesa da cozinha. Conversando com Jhonny, ela já parecia bem mais calma. Jane estava perto da janela, olhando lá fora. Seu olhar preocupado chamou a atenção da japonesa:

- Jane, não quero que fique assim. Foi só um susto bobo. – A garota sorriu de leve, se virando para eles:

- Não é que... eu achei que a senhora tivesse se machucado. - Percorreu os olhos pela cozinha e percebeu que Benjamin não estava lá. Chyoko sorriu sincera e disse:

- Graças a Deus não. Então, não se preocupe! – Finalmente Jane sorriu mostrando os dentes:

- Certo! – Colocou as duas mãos nos bolsos do casaco, saindo da cozinha.

25ª Parte - O Diário de Jane.

– A garota desviou os olhar colocando uma expressão de dó nos olhos:

- Nossa... mas o que houve com ela?

- Teve uma pneumonia muito forte e os médicos não conseguiram salvá-la. Mas eu acho que não foi só isso... – Jane permaneceu séria:

- E quando foi?

- A dois ou três anos atrás... desde de então, Johnny ainda não teve ânimo pra dar uma geral aqui. – Então ele empurrou uma pedra com o pé, terminando:

- É que ela gostava muito desse lugar. – A moça olhou para cima analisando o topo das árvores. As folhas formavam um mosaico em contraste com o céu branco acinzentado. Jane cruzou os braços fitando em volta finalmente reparando estranhas ruinas, parecidas com muros inacabados. Nestas haviam ao redor de todo o lugar. A moça franziu a testa observando todas elas. Pouca neblina começava a tomar conta do espaço e Benjamin a chamou para mostrar outro belo canteiro que a senhora japonesa tinha. Jane ficou abismada com tantas flores de todas as espécies. Ben também se mostrava muito animado. Depois de alguns minutos de conversa sobre esse assunto, Jane deu mais uma olhada em volta e teve a nítida impressão de ver uma lápide. No susto, ela colocou a mão no peito e ficou estática. O garoto que percebeu a exaltação dela disse curioso:

- Algum problema, Jane? – A jovem respirou fundo olhando de novo o mesmo lugar. Era apenas mais uma pequena parede de tijolos destruída. Então, passou a mão no rosto e respondeu sorrindo de leve:

- Nenhum, por quê? – O garoto passou os olhos pelo rosto dela e sorriu de lábios fechados olhando finalmente para a pequena ruína. Ela tentou disfarçar seu susto, mas na verdade ficou muito apavorada de pensar que estava mais uma vez vendo algo que não existia. O jovem disse:

- É que pareceu que você tinha se assustado com alguma coisa... – Ele deu alguns passos indo em direção da pequena ruina.

- Eu? Imagina, com que eu iria me assustar? – Ela falou fazendo um pequeno gesto com a mão direita e depois colocando a mesma na nuca:

- Não sei... – Benjamin parecia sério. Olhava a ruina como se olhasse para algo que conhecesse. Parecia que ele ia ficar bravo com ela a qualquer momento. Jane engoliu seco e fitou sua face tentando entender... por que as vezes ele parecia tão ameaçador? Mas foi surpreendida:

- Tenho que te mostrar uma coisa. – Balbuciou pegando a mão da mesma. A garota deu um sorriso apático e o seguiu. Eles passaram pela piscina e chegaram a uma pequena escada que passava em meio a duas colunas antigas. Ao longo do caminho havia árvores dos dois lados. Ben soltou sua mão:

- Você gosta de animais? – Jane logo se lembrou do gato que teve quando criança. O amava, no entanto ele morreu atropelado. A garota sorriu agora com mais animação:

- Sim... de todos.

- Então você vai gostar do Angel.