terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Luxúria negra - Começo.



- Luxúria Negra.







Vi o sol nascer quadrado da janela do meu quarto. Sentia como se não tivesse oportunidades de mudar minha "querida" vida. O tédio me dominava. Como se todos os dias de domingo que eu passava assistindo televisão, fossem repetidos. Toda semana a mesma coisa, todo dia a mesma história.

Mas, como no natal é tudo diferente (e mesmo assim não vejo graça) meus lindos primos chegavam para me atazanar:
- Oieeeee Angely!!! - Me abraçou com toda força aquele pivetinho baixo e gordinho, que fingia gostar de mim perto da mãe dele.
- Oi. - Disse eu, naquela impolgação. Dai mais uma fila de primos de todas as idades ( Mas o mais velho, tinha apenas 16 anos e eu, sempre a mais velha de todos, com meus 18.) Todos disseram, oi, olá, como vai, tudo bom, oie, etc. Respondi forçando dar um sorriso amigável, o que não era o meu forte. Sorrir pra mim era algo que eu fazia só empurrada, ou quando estava com o meu único amigo, Julio. Ele era tímido, alto e nerd.

Dia 22 de dezembro de 2008, lá estava eu, com a roupa que me sentia bem, listrada preta e branca, calça preta justa e bota. Sentada na sala eu escutava minha mãe e minha tia Dora, fofocarem:
- Sabe Dora, a Fernanda disse que a Lili estava se envolvendo com um cara da máfia... - Fernanda é minha outra tia e a tal da Lili é minha prima.
- O que?! Menina, como ela podi dizer isso da própria mãe?- E blá blá blá, de uma história que eu escutava dês de que nasci: a vida dos outros. Passei uma das mãos no rosto olhando para fora, sentindo o vento gelado de mais uma noite normal. Me bateu mais uma vez aquele desespero, um sentimento que me fazia ficar parada no meio da sala, tentando encontrar algum sentido para aquela vida e que me fazia passar por doida também.

Continuação - Luxúria Negra.

Se não fosse pelo grito irritante do meu primo mais novo, Caio, não teria saído daquele transe. Respirei fundo, arrumei os cabelos e esperava que o jantar estivesse pronto antes da meia-noite. Depois de umas duas horas ou mais, ouvindo a conversa produtiva das senhoras e mudava de canal sem parar, até que passei por uma programa que me interessou... estranho, quase nada me interessava. Uma mulher de cabelos ruivos longos fazia propaganda de uma livro de capa negra, mas a única coisa que consegui ouvir, ou melhor que me deixaram ouvir foi "Ele pode mudar sua vida". Encabulada, fui interrompida pelo meu outro primo de uns dez anos:__ Ei, venha jogar dominó com a gente!__ Eu fiz que não com a cabeça e me levantei correndo até meu quarto. Abri a porta e lá estavam meus dois primos mais velhos mexendo no computador. Não dei bola. Apenas peguei meu sobre-tudo negro e o coloquei saindo sem dizer nada. corri até a cozinha e peguei o pote de biscoitos, abri e tirei de lá um bolo de dinheiro. Era o dinheiro que o meu pai sempre me deixava no final do mês. Uns... cem dólares. Minha mãe, que começava a pensar em colocar o peru pra assar parou sua conversa com minha tia e perguntou confusa:__ Angely, onde vai com o dinheiro? __ Eu o coloquei no bolso e disse a primeira coisa que veio a minha cabeça:__ Vou compra cerejas. __ Espantadas elas ficaram me olhando por alguns segundos, mas logo abriram um sorriso olhando uma na outra:__ Marta, sua filha é uma graça! __ disse minha tia admirada. Minha mãe orgulhosa, pegou a bandeja com o peru e colocou no forno:__ Pois é, ela é uma graça mesmo... apesar de não parecer, ama os primos! __ Eu sai de fininho, com um sorrizinho bobo no rosto e quando fui abrir a porta minha mãe gritou da cozinha:__ Angely! não demore muito, Certo? daqui a pouco o jantar está pronto!
__ Ok, mãe... __ eu respondi em bom tom e sai. Eu sabia que o jantar demoraria mais uma ou duas horas então não me preocupei em demorar. Aliás... onde estava indo? era por causa do livro... eu o queira. Lembrava da imagem daquela moça ruiva, bonita, feliz e confiante. Queria ser igual. Mas não tinha certeza se a biblioteca da minha cidade o teria. Droga. O que eu estava fazendo ali. Parei no meio da rua e apertei os olhos. Vou voltar pra casa. Sem as cerejas? não. Não posso voltar.Respirei fundo novamente, deixando o ar frio de uma noite de natal entrar nos meus pulmões...tinha duas escolhas. Ou comprar as cerejas. Ou dar uma volta na biblioteca. É claro. Escolhi a segunda opção.

mm: Depois continuamos. Gostaram da história? deixe um comentário!