terça-feira, 22 de junho de 2010

13ª Parte - O Diário De Jane.

Jane fechou mais seu casaco vinho, cruzando os braços. Viu que algumas pessoas já estavam no ponto. Os dois pararam ao lado do banco que havia ali. A garota passou os olhos por todos. Uma mulher de cabelos claros os olhou e continuou a mexer em seu celular. Um casal de idade conversava e nem perceberam que os dois estavam lá. Mas a frente um mendigo olhava o céu, distraído. Benjamin respirou fundo e falou pra Jane:

- Espero que esse ônibus não demore.

- Que hora temos que estar no hospital? – A garota agora olhava nos olhos dele:

- Oito e meia.

- Tenho certeza que ele chegará logo. – Ela se inclinou um pouco para olhar a avenida e viu que o mendigo estava estático e os olhava. A garota franziu a testa e como estava com os braços cruzados, apertou a manga de sua blusa um pouco inquieta. Dirigiu o olhar até Ben e percebeu que ele nem notava o homem. Olhou novamente para o mendigo e viu que o mesmo estava se levantando. A feição espantada dele chamava a atenção até das outras pessoas. Os idosos pararam de conversar e o observavam. A outra guardou o celular no bolso e o olhou também, desconfiada. O jovem que olhava a avenida, tirou as mãos dos bolsos. O mendigo deu um passo pra trás. Jane que observava tudo nos mínimos detalhes, finalmente descobriu do que o mendigo tanto temia. Era Benjamin. Perplexa, ela fitou os olhos no moço, procurando algo que a assustasse. Mas não, ele estava desatento e calmo. Apenas virou levemente o rosto para o pedinte, que saiu em disparada dali. O casal riu-se, comentando algo que Jane não entendeu. A mulher pegou o celular novamente, balançando a cabeça negativamente. Antes que ela pudesse comentar algo com o amigo, o ônibus tão esperado, chegou. Quando o veículo abriu as portas Ben disse:

- Eu pago pra você.

- Não, não precisa se preocupar com isso. Estou com o dinheiro aqui. – Disse a jovem acanhada.

- Tudo bem então. – Subiu rapidamente.

Jane pagou primeiro e sentou-se do lado da janela, esperando o moço. O veículo começou a andar e segurando no banco, ele se sentou. Em seguida ela disse:

- Você viu aquele mendigo?

- Vi. O que aconteceu com ele? Saiu correndo que nem doido...

- Ele estava olhando pra você. – O jovem fez uma cara de preocupado e passou as mãos nos cabelos dizendo:

- Será que eu estou tão feio hoje? – Eles não puderam evitar a risada e Jane agora mais solta disse:

- Não, você está lindo... – Benjamin fitou os olhos nela, interessado. Vendo o que tinha dito, a garota ficou meio sem graça. Quebrando o gelo, o moço falou:

- Você também está muito bonita. – Olhou todo o rosto delicado dela e depois os lábios. Ela desviou o olhar e neste instante o ônibus freou. Ben segurou no banco da frente para não cair e a jovem colocou uma das mãos sobre a dele. Rapidamente ela retirou a mão olhando em volta:

- O que houve? – Eles olhavam curiosos e o motorista olhava o retrovisor. A porta de trás abriu e o mendigo de antes, entrou andando de pressa. Chegou perto do condutor e disse alguma coisa. Depois olhou para todos e quando colocou seus olhos em Benjamin, correu pra fora desnorteado. Todos discutiam sobre o que acabara de acontecer e o motorista falou:

- Você ai? – Todos olharam para Ben e Jane:

- Ele deve estar te devendo dinheiro, hein? – Deu uma gargalhada, seguindo com o transporte. O moço franziu a testa e olhou para a amiga:

- É impressão minha ou hoje está meio esquisito?

E ele tinha razão. Tudo estava meio estranho desde que ela havia chegado. Mas de alguma forma, a garota se sentia aliviada, pois não era só ela que estava percebendo isso. O ônibus andou por todo aquele transito comum na grande e famosa Nova Iorque. Os arranha céus pareciam deixar mais sombrio o tempo. Apesar do barulho dos carros, buzinas e o motor do ônibus, tudo isso era abafado pelos vidros que estavam fechados por causa do frio intenso. As pessoas dentro do veiculo estavam quietas. Jane suspirou e aquela fumaça branca saiu quente de seus pulmões. Ela podia escutar a respiração de Benjamin e parecia que ele estava bem perto.

12ª Parte - O Diário De Jane.

– Logo ela disse:

- Ele calou de uma vez... Foi estranho. Subitamente, sabe. – A moça explicava fazendo alguns gestos meio sem jeito porque todos a observavam. Passou a mão nos cabelos ondulados e dirigiu os olhos timidamente para Benjamin. Ele a olhava sério e parecia não ter gostado do que disse. Antes que ela pudesse pensar em dizer qualquer coisa, Mike falou:

- Eu mandei ele calar a boca! Não estava conseguindo dormir! – Todos riram do comentário do menino e Jane sorri também, completando:

- Eu fiquei com um medo bobo... Fui até atrapalhar o Benjamin a dormir. – O moço franziu a testa, tentando entender o que a garota estava dizendo:

- Você... – A senhora atrapalhou, exclamando:

- Gente! Já são quase sete e meia, melhor irem se não vão se atrasar! – Ben levantou-se rapidamente:

- Certo Chyoko, se você não avisa ia perder a hora. Vamos Jane? – Tomou a última golada do leite, colocando a xícara sobre a mesa:

- Claro! – A moça se levantou arrastando a cadeira pra perto da mesa. O senhor que terminava de comer um pedaço de pão, disse:

- Vocês vão juntos?

- Sim, eu a convidei para conhecer o hospital.

- Oh, que beleza! – Disse a japonesa que pegava as xícaras:

- Vão! E tenham um ótimo dia! Mike que pegava o pratinho dele exclamou:

- Tchau Jane! Tchau Ben! – Jane sorria o tempo todo e se despediu de todos, alegremente. Tudo estava perfeito. O dia apesar de chuvoso, estava alegre para mesma. Jane e Benjamin que seguiam o caminho. O moço abriu o portão que rangeu um pouco e esperou que ela passasse primeiro:

- Obrigada... – Ela o esperou e os dois seguiram para o ponto de ônibus.

Andavam agora mais calmos. Ben olhava o tempo quieto e Jane tentava encontrar algum assunto em sua mente. Eles andavam pela estrada de terra que os levava para o ponto de ônibus mais próximo. O vento balançava as árvores e o frio parecia cortar. Quando a moça foi falar ele a interrompeu sem perceber:

- Sabe, se tiver sorte posso até conseguir um estágio pra você. – Sorriu animado olhando o rosto dela:

- Ah, seria ótimo Benjamin! – Ela se mostrou bem interessada. Um pouco tímido, ele abaixou o olhar e sorriu de canto:

- Anda sonhando comigo Jane? – Jane gelou. Passou uma das mãos nos cabelos o olhando:

- Não sei, eu... tive um pesadelo. Fui para seu quarto e fiquei por lá... você me convidou não se lembra? – Ben riu-se, colocando as duas mãos no bolso:

- Acho que você sonhou com isso... você não apareceu no meu quarto a noite passada. – Sem entender, a garota olhou para baixo, engolindo seco. Já não tinha certeza do que era real ou sonho. Havia visto seu diário jogado, mas a o abajur estava intacto. Tinha medo de passar por insana. Então, mudou de assunto:

- É... o ponto é muito longe?

- Não, logo chegaremos. – No horizonte, ela podia ver uma avenida. Mais alguns passos em silêncio, Benjamin disse:

- Estava pensando em economizar pra comprar um carro...

- Que legal! É ruim mesmo ficar andando de ônibus, tem que pagar...

- Pois é, se não fosse o ônibus, teria que ir a cavalo. – Os dois riram juntos e Jane disse enquanto ainda ria:

- Então você tem um cavalo?

- Sim, quando quiser te apresento o Angel.

- Angel? Belo nome! – A garota olhava o moço que estava de perfil:

- É... não sabia que nome dar e Chyoko sugeriu esse.

- Muito bonito. Ele é branco? – Ben olhou nos olhos dela:

- Não, preto. – A garota desviou o olhar sorrindo de lábios fechados. Chegaram na avenida e seguiram para o ponto que estava um pouco à frente.